Se você chegou até aqui, não continue a leitura. Este artigo não te ensinará nada, nem trará nenhum resultado para o seu negócio.
A sua produtividade será aumentada em até 0%. Ou seja, é completamente inútil. Mas, talvez (e apenas talvez), ele reserve uma valiosa surpresa no final.
Parte 1 — Em todos esse anos nessa indústria vital…
Há uns alguns dias, estava eu assistindo a um vídeo no YouTube. Deitado. Comendo. Assistindo TV. Coçando o nariz. Todas essas coisas às quais um cidadão multitarefas está acostumado enquanto mexe no celular.
Assistia a cortes da stream de um jogador de League of Legends chamado Willian Lemos, o Gordox.
Ao contrário de outros streamers famosos, cuja fama advém da habilidade no e-sport, ele ficou muito conhecido na internet por suas jogadas de newbie (iniciante, em inglês), reações caricatas e piadas de baixo quilate (uma das mais comuns inclui acrescentar palavras baixas a qualquer outra expressão).
#mimjulguem.
Eu também gosto de me entreter, e rio litros com os vídeos do Mula, como o chamam alguns fãs.
Ao fim do vídeo, depois de gargalhar um bocado, decidi ver os comentários, como de costume.
Li desatentamente alguns elogios e “rages”, até que um deles me chamou a atenção:
“Não leia o meu nome”, dizia. E era só isso.
Oras, eu sou um profissional experimentado, com alguns bons anos de mercado, pós-graduado em marketing digital. Nunca cairia em um “bait marketing” tão banal. Seria ofensivo se você pensasse o contrário.
Então, a primeira coisa que fiz foi passar direto. Mas havia ali algo me convocando. Era como se o Um Anel me puxasse. Ou uma parte da consciência de Voldemort me chamasse pelo nome.
— Harry Potter…
P.S.: leia a frase anterior como um ofidioglota.
Meus dedos instintivamente rolaram o scroll (do mouse, não o mágico) de volta ao comentário.
Foi aí que li o nome. E foi aí que começou minha saga.
Parte 2 — A história sem fim
Você está preparado para seguir comigo nessa jornada?
Já aviso que ela será longa. Tão longa quanto a de Anakin Skywalker em seis filmes, e com um final pouco surpreendente.
Nessa história não há um Vader. O único vilão pirracento aqui será você, que, mesmo com todas as contraindicações, continuou a leitura. Coloque todos os seus potes de mana em em risco.
O nome de usuário do sujeito era: “Não olhe minha foto de perfil”. Aposto que você teria parado por aí, não é mesmo?
Mas lembre-se, eu estava ocioso. E sou um rebelde. Uma CTA não me dirá o que fazer. Sou eu quem manda aqui, modafoca!
A foto de perfil continha uma imagem com a seguinte mensagem feita no Paintbrush: “Não olhe meu banner”.
Uou! Pera aí! “Isso já foi longe demais”, você deve estar pensando. Stay back, soldier!
Somente um idiota continuaria com essa coisa.
Muito prazer. Eu sou o idiota.
Repare que, até aqui, o sujeito já conseguiu chamar a minha atenção e me fazer clicar em um anúncio. Você pode ficar surpreso, mas existem empresas que pagam por isso.
Vamos adiante.
Eu acabo de entrar no canal. Na imagem de fundo, há a seguinte mensagem: “Não clique na aba sobre”.
Bom, isso eu não fiz, mas passei os olhos pela página e observei o primeiro vídeo do canal, cujo título é “Não veja esse vídeo”. E a thumbnailcomplementa: “Não pule esse vídeo para 0:50”.
Fi-lo porque qui-lo.
E lá estou eu, aos 0:49 segundos de vídeo. Há silêncio. Todos em casa já dormem. Estou tenso, é verdade.
Mas, nesse momento, aquilo já se tornou um desafio. Já fomos longe demais, parceiro. É melhor seguir em frente do que regredir.
O segundo passou lentamente. A seguinte mensagem foi exibida: “Não leia a descrição desse vídeo”.
Bom, agora você já percebeu que eu estava mais capturado que um Bulbassauro com 1 de life e “paralyzed”.
Se fosse um funil de vendas, eu estaria no fundo. “Do poço”, alguns dirão. “Afinal, quem cai nessas coisas?”.
Na descrição, li: “Não clique em mostrar mais”.
Sinto que falta pouco. “Eu vou zerar esse jogo, eu vou!”, pensei. Já podia ver os créditos do final.
Cliquei. “Não leia a frase abaixo ao contrário”, diz a mensagem seguinte. E, logo a seguir:
“odaxif oirátnemoc uem aiel oãN”.
Droga! Eu ainda não alcancei o fim! Mas, como diria a bruxa do Pica-Pau ao subir em sua vassoura: “E lá vamos nós”.
O comentário fixado diz: “Não clique neste link”.
E eu finalmente obtive minha resposta.
Parte 3 — Encontrando o final boss
Meu dedo pressionou o botão esquerdo do mouse. Finalmente eu saberia onde aquilo ia dar.
Prepare o seu coração, amigos (by Galvão Bueno)!
Fui parar em uma lojinha virtual que vendia blusas de… League of Legends. Justamente o tema do vídeo que me levou por essa jornada.
Eu não apertei o botão de compra. Mas talvez alguém o tenha feito.
O vídeo citado no fim tinha sido postado há apenas dois dias e já tinha mais de mil visualizações. Isso mesmo, um vídeo que mantém a tela preta até os 50 segundos.
Mas, sinto dizer. Essa não é a moral da história.
Essa prática, embora possa trazer alguns resultados, não é recomendada se você possui um negócio sério.
Algo diferente do que você imaginava em um perfil de hackers, não é mesmo?
Parte 3 — O tesouro no fim do arco-íris
Perceba que, se chegou até aqui, você:
- clicou em um texto cujo título não prometia nada, mas que lhe deixou com a pulga atrás da orelha;
- leu uma introdução contraditória, mas que possuía um pequeno aperitivo;
- acompanhou um artigo de 1000 palavras (999, na verdade, pode contar), mesmo que alertasse para fazer o contrário;
- se divertiu com alguns easter eggs;
- ficou curioso ao longo da história;
- ainda está esperando pela surpresa no fim.
Meus parabéns. Você acaba de compreender a importância do storytelling.
E aí, gostou do artigo? Então saiba muito mais sobre a estratégia de contar histórias neste artigo!
The end…
Este texto foi postado originalmente no blog Marketing Hackers, da Rock Content.