Existem muitas pessoas que têm dificuldades em entender o que é inbound marketing. Isso é totalmente compreensível. Afinal, a tecnologia avança em um ritmo acelerado nos dias de hoje, e é difícil acompanhá-la.
Porém, é possível compreender o conceito utilizando metáforas e analogias com o passado. Depois, basta relacioná-las com o ambiente digital e você verá como tudo faz sentido.
Você tem dificuldades quando o assunto é inbound marketing? Então acompanhe a seguir a história de Hugo Adamastor e sua jornada para resolver um problema na época em que a internet ainda não existia.
P.S.: Caso você não entenda as referências, basta clicar nos hiperlinks ao longo do texto e descobrir quais são elas.
Capítulo 1 — A descoberta do problema
Fazia calor na cidade de Netinter.
Hugo Adamastor assistia ao Telejornal Pirelli em seu novíssimo televisor com vitrola embutida. Queria mesmo era estar vendo o programa do Chacrinha, um de seus favoritos. Mas, no momento, ouvia o discurso do presidente, que falava diretamente da capital Brasília (nome, aliás, que ele não considerava de criatividade louvável).
Na cozinha, Eucenir travava uma batalha com o pequeno Bóris. Insistia para que o filho tomasse um produto chamado Biotônico Fontoura, mas o menino tinha suas próprias preferências: bolo de chocolate e suco.
– Silêncio! – gritou Adamastor. – O presidente está falando.
Pai e mãe sentaram-se em frente à TV. Bóris abraçou seu boneco Topo Gigio e foi brincar com seu Aquaplay, vitorioso. Ou, pelo menos, momentaneamente vitorioso, Hugo pensava.
Porém, justo na hora em que o político ia falar sobre a indústria automobilística (o que era de seu extremo interesse, já que era a área na qual trabalhava como montador), houve um corte. A seguir, surgiu uma figura cartunesca que representava o frio batendo à porta da casa de uma mulher. E, então, iniciou-se um jingle:
“Não adianta bater, que eu não deixo você entrar
As Casas Pernambucanas, é que vão aquecer o meu lar
Vou comprar flanelas, lãs e cobertores, então, vou comprar!
Nas Casas Pernambucanas, eu nem vou sentir o inverno passar”
Ao fim, uma voz de locutor de rádio proclamava: Casas Pernambucanas: onde todos compram!
Hugo Adamastor não pôde deixar de reparar que a palavra “comprar” fora repetida três vezes em quinze segundos, e demorou alguns instantes para perceber que estava furioso. Interromperam o discurso do presidente para passar um comercial. E nem era inverno!
Para piorar, aquela musiquinha o acompanharia mentalmente durante exatos doze dias, quatorze horas e dezoito segundos, quando seria substituída por “Tomou seu Toddy hoje?”.
– Chega de televisor! – proclamou, desligando o aparelho.
Depois, colocou um disco importado do Frank Sinatra e acendeu um cigarrete Marlboro. Queria relaxar. Caminhou pela copa, pela cozinha e acabou voltando à copa. Observou a edição do dia anterior do Jornal do Brasil, mas irritou-se quando, na segunda página, observou um anúncio de pasta dental. Então, decidiu ir até a garagem.
Calçou suas Alpargatas, vestiu um suéter e saiu pela porta da frente, onde reparou em um novo outdoor que haviam instalado no outro lado da rua. “Coca-Cola”, estava escrito em letras garrafais. Não leu o restante porque não gostava de refrigerante. Era adepto do bom e velho cafézinho.
Na garagem, repousava seu magnífico VW Fusca branco. Lindo e brilhante. Bem melhor que seu antigo calhambeque. Aquele era seu xodó, mas havia algo o incomodando.
Pensou que poderia ser o patinete estacionado contra a parede, torto como as pernas de Garrincha. Se caísse, poderia arranhar o seu precioso veículo. Tirou-o de lá. Mas a sensação de desconforto continuava.
Retirou do painel dois panfletos que indicavam “a Maizena que alimenta a criança brasileira” e “uma doçura de comprimido”. Mas não adiantou. Algo ainda o inquietava. E não era algo que pudesse ser solucionado com Melhoral.
Só então percebeu que as cores da garagem não combinavam com o carro. Mais: estava descascando e continha marcas de sujeira, fruto de suas incontáveis horas mexendo na mecânica do veículo.
Não havia dúvidas. Era hora de pintar.
***
Capítulo 2 — Buscando uma solução
Bip! Bip!
– Hugo Adamastor, meu grande amigo! Tudo tinindo?
Hugo virou-se e observou uma figura conhecida. Era Enaldo, seu vizinho, montado em uma Caloi com cestinha particularmente feia.
– Ah, oi, Enaldo – respondeu, desanimado.
– Você parece borocoxó. Aconteceu algo?
– Ah, sim… – considerou – É que eu preciso pintar a parede.
– E por que não contrata um pintor?
Como a grande maioria dos trabalhadores da época, Hugo Adamastor sofria com os impactos do fim da Guerra Fria. Ouvira conselhos dos pais desde a infância. Por isso, seguia firmemente os conceitos ensinados com relação à economia e à estabilidade financeira. Isso quer dizer que era um tremendo mão-de-vaca.
– Pintor? Nunca. Eu mesmo posso fazer isso.
– E você sabe pintar paredes, Hugo?
“Agora temos um problema”, pensou ele.
– Bulhufas! Pra ser bem sincero, eu não faço a menor ideia de como pintar uma parede.
– Não se preocupe! Eu conheço um sujeito que pode te ajudar. Dizem que ele sabe de tudo!
– De tudo? Duvi-de-o-dó! Ninguém sabe de tudo.
– Esse cara sabe! Pode acreditar em mim. Ele é melhor do que mil edições da Enciclopédia Barsa!
– Mil? Puxa, tudo isso?
– Sim! E nós podemos ir até ele agora mesmo. Me acompanhe, meu chapa!
***
Capítulo 3 — O homem que tudo sabe
No caminho, Hugo e Enaldo foram abordados por um vendedor de sabão em pó, imediatamente enxotado pela falta de paciência do montador. Uma coisa é certa: gostava da indústria publicitária tanto quanto de unha encravada.
A cidade estava vazia, então rapidamente chegaram a uma lojinha simples em um quarteirão quase vazio.
– Ele está aí dentro – disse Enaldo, apontando para uma loja pequenina e sem placa.
Hugo Adamastor estava um ligeiramente desconfiado, é verdade. Mas entrou assim mesmo, já que não tinha outra opção. Surpreendentemente, dentro da loja não havia nenhum produto, apenas paredes brancas e limpas. Mais brancas e lisas que os dentes dos garotos-propaganda da Kolynos.
Havia um sujeito jovem por detrás do balcão, que sorriu quando Hugo entrou e tocou o sino. Para surpresa de Hugo, era um sujeito novo, que vestia uma roupa nívea e tinha um visual limpo. Mais um daqueles mauricinhos “prafrentex”.
– Olá! Como vai você? – expressou Hugo.
– “Como vai você?”. Hit de Roberto Carlos lançado em 1972. Foi composta por Antônio Marcos e Mário Marcos e vendeu mais de 700 mil cópias.
– O quê? – Hugo começava a desconfiar da sanidade do sujeito. – Não, não. Olhe, eu sei que sou um estranho…
–… no ninho. Filme estadunidense categorizado como drama. Estrelado por Jack Nicholson.
Hugo ficou calado por um instante. Depois, levantou o dedo para dizer algo, mas acabou desistindo. Então, o sujeito falou:
– O que você quer saber?
– Muito prazer, eu sou Hugo – E estendeu a mão. Era um pouco tarde para dizer isso, mas foi a única ideia que lhe ocorreu.
O homem não o cumprimentou de volta.
– Você quis dizer “Hugo Awards”?
– Não! – ele revidou, perdendo a paciência – Eu…
– Não. Partícula negativa. O inverso de sim. Negação. Rejeição. O mesmo que “de modo nenhum”.
Hugo já estava ficando fulo. Então gastou sua última ficha.
– Meu nome é Hugo! Hugo Adamastor!
O tal sujeito então sorriu novamente.
– Prazer, Hugo. Eu sou LeGoog.
– LeGoog? O senhor não é daqui?
– No, no – respondeu. – I’m from America, mas posso falar 103 idiomas. O que vai ser? Russo? Amárico? Havaiano?
Hugo ficou impressionado com aquilo e pensou em fazer outras perguntas, mas a objetividade sempre foi uma de suas características mais latentes.
– Na verdade, eu gostaria de saber como faço para pintar a garagem da minha casa.
O homem arregalou os olhos.
– Só isso? Você está com sorte, isso é muito fácil! Aqui está! – E jogou uma pilha de papéis sobre o balcão.
Era um amontoado enorme, mas bem organizado.
– O que é isso?
– Ora, é uma lista de pessoas que podem te ajudar, é claro!
– Mas o senhor não sabe de tudo?
– Nem tudo. Conto com alguns parceiros para adquirir certas informações. Mas pode confiar neles, eu sou muito criterioso.
– Ah… – revidou Hugo,meio sem saber o que falar. Olhou para os documentos sobre o balcão. – Bom, eu acho que três são mais do que suficientes. Vou levar estes aqui, certo?
– Certo.
– Quanto lhe devo?
– Nada.
– Nada? Como assim, de graça?
– Sim. Neca de pitibiriba. E, se precisar, pode voltar sempre.
– Puxa, muito obrigado, senhor LeGoog!
Assim, Hugo Adamastor saiu da loja, mais determinado que nunca a resolver seu problema.
***
Capítulo 4 – Uma jornada pela informação
Hugo pegou o primeiro papel. Continha o endereço de uma loja de tintas que não ficava muito longe dali. Assim que abriu a porta, um sujeito de terno se aproximou.
– Olá, o senhor veio comprar? – E exibiu um olhar penetrante que lhe fez lembrar dos desenhos do Pica-Pau, quando cifras saltavam dos olhos dos personagens.
– Não – respondeu, ríspido. – Só vim pedir uma informação.
– Sim, sim! Claro! – devolveu o homem. – Mas depois o senhor vai comprar, né?
Hugo ficou furioso com aquilo. Estava cansado de tanta patifaria. Poderia até considerar comprar as tintas naquela loja, mas jamais negociaria com um sujeito tão direto e mal educado. Revoltado, ele deu meia volta e saiu pela porta, ainda ouvindo o homem gritar ao pé do ouvido: “Compre! Compre!”.
No segundo local, encontrou um simpático escritório de construções. Porém, o resultado não foi muito diferente. O sujeito que o atendeu era um pouco mais discreto, mas no fim começou a mostrar o catálogo de produtos. Tijolos e coisas do tipo, coisas que sequer precisava. Então, deixou-o a ver navios e partiu.
Mas nem tudo estava perdido. Hugo ainda tinha uma última chance. Olhou para o pedaço de papel restante e notou um nome conhecido. Continha o endereço da casa de um cara chamado Roque. Ele estava sempre feliz, por isso todo mundo o chamava de Roque Contente. Nunca tinha falado com ele, mas sua reputação era boa na cidade.
Andou algumas quadras e chegou a uma casa muito bonita e organizada. Bateu campainha e o tal sujeito o atendeu.
– Olá, senhor! Como vai? – disse Roque.
– Olá, tudo bem – respondeu, um pouco desanimado devido às experiências recentes – Olhe, eu gostaria de saber como posso pintar minha casa. Mas é só saber mesmo, viu? Não quero comprar nada.
– É claro! Eu lhe direi sem o menor problema – respondeu Roque Contente.
E não é que o sujeito explicou mesmo?
Primeiro, ele lhe contou sobre todos os equipamentos que seriam necessários. Depois. explicou que deveria afastar os móveis e usar uma roupa velha, que pudesse ser descartada.
Disse, também, que existem diferentes tipos de instrumentos, exemplificando com imagens cada um deles. A seguir, ensinou sobre a usabilidade das fitas, que impediam desastres no processo. Demonstrou como misturar as tinturas, instruiu sobre como usar o pincel, a trincha e o rolo. Havia até um infográfico para isso. Por fim, recomendou-o a passar uma segunda camada sobre a primeira e muitas outras coisas.
A cada nova pergunta, Roque apresentava uma nova resposta. E conseguia solucionar todas as suas dúvidas. Tudo com clareza e objetividade. Uma experiência fabulosa! Hugo se sentia agora o Don Corleone das pinturas de garagem, o Willy Wonka da Fantástica Fábrica de Tintas.
– Puxa, não sei como agradecê-lo!
– Não precisa agradecer. Ouça, se o senhor quiser, cadastre-se em nossa lista de Correio. Assim, eu posso enviar-lhe alguns materiais adicionais.
– Verdade? Isso seria ótimo!
– Sim. Você poderia me passar o seu endereço, Hugo?
– Claro! Aqui está – Anotou em um pedaço de papel.
Ele voltou para casa tão serelepe que, se alguém o visse, poderia pensar que era Gene Kelly, em Cantando na Chuva.
***
Capítulo 5 – A decisão de compra
No dia seguinte, logo pela manhã, Hugo levantou empolgado. Tomou um café e, como de costume, foi até a caixa de Correios. Depois de verificar o seu diploma de datilografia que havia chegado e reclamar de algumas contas, percebeu que havia uma correspondência lacrada endereçada a ele.
Abriu e encontrou um livrinho, cujo título estampava: “As melhores tintas para pintar a sua garagem”.
“Específico”, pensou Hugo. Ele leu tudo rapidamente. Eram informações extras, mas muito úteis. Por exemplo, um trecho citava os tipos de tinta. Havia o látex, acrílica, esmalte e epóxi.
Então, decidiu voltar à loja mais uma vez para solucionar as novas dúvidas. Chegou até lá e, novamente, encontrou Roque. Ele lhe deu mais algumas explicações, e Hugo decidiu que compraria a tinta esmaltada.
– Obrigado, Senhor Roque – disse. – A propósito, o livro que me mandou foi muito útil. Mas eu gostaria de pedir uma última informação.
– É claro, Hugo! Tudo que estiver ao meu alcance.
– Você pode me recomendar alguém que venda a tinta esmaltada?
– Ora, mas é claro. Aqui mesmo.
Hugo teria caído da cadeira se estivesse sentado. Mas, por sorte, ele estava de pé e apenas exibiu um semblante assustado.
– O quê? O senhor vende tintas? Mas onde estão as placas, outdoors, panfletos e anúncios? Por que elas não estão expostas na vitrine?
– Ora, eu não gosto de ficar exibindo meu produto por aí – explicou Roque. – O produto fica em meu estoque.
– Puxa! Isso é ótimo!
Depois de compradas, Hugo ainda recebeu algumas lições práticas sobre como usar as tintas. Estava pronto para pintar a garagem.
***
Capítulo 6 – Uma relação duradoura
Depois de resolvido o problema da pintura, Hugo pensou a noite toda em como aquele sujeito havia lhe ajudado. “Como seria bom se todas as marcas fossem assim”, refletiu. Mas ele não esperava que a sua relação com Roque Contente ainda não havia chegado ao fim.
Nas semanas seguintes, continuou recebendo materiais valiosos. Podia dizer, sem falsa modéstia, que era um especialista em tintas. Além disso, sempre que tinha um problema sobre o tema, ele sabia a quem procurar e onde comprar os melhores produtos. Quando uma oportunidade surgia, recomendava a loja a todos os seus amigos.
Certo dia, ele encontrou Roque em sua loja, mas dessa vez tinha um outro tipo de dúvida.
– Escute, você trabalha para o senhor LeGoog?
Roque sorriu e respondeu:
– Na verdade, podemos dizer que ele é quem trabalha para mim. Mas não o pago por isso.
Ele demorou algum tempo para entender, mas aquilo não importava. No fim das contas, ele sabia que, sempre que um problema surgisse, poderia contar com Roque e LeGoog.
***
Nos relatos acima, você encontrou referências como:
- funil de vendas;
- links patrocinados;
- marketing de conteúdo;
- redes sociais;
- e-mail marketing;
- fluxo de nutrição;
- e diversas outras estratégias de marketing digital.
Esperamos que, através da história de Hugo Adamastor, você tenha entendido melhor como funciona o inbound marketing e seus processos.
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