Muita gente me pergunta como aplicar o storytelling em suas estratégias de mídias sociais. Como também sou um aspirante a escritor, sou adepto do “show, don’t tell” (mostre, não conte), então decidi fragmentar um comercial que considero um bom exemplo de utilização da técnica.
Trata-se de uma série de comerciais de uma espécie de doce exibida na televisão japonesa, chamada Sakeru Gummy. A grande jogada é o uso do storytelling de uma maneira que só mesmo os publicitários nipônicos poderiam pensar.
Antes de mais nada, vamos ao vídeo. Infelizmente, ele está em inglês, mas há uma versão traduzida no Facebook que você pode acessar por aqui.
Tá, mas por que essa sacada é tão genial? É sobre isso que pretendo falar nas linhas a seguir. Me acompanhe e veja alguns motivos pelos quais considero essa peça um exemplo louvável de aplicação da arte de contar histórias.
1. Protagonista e antagonista
Mesmo em uma sequência curta de vídeos, há todos os elementos de uma boa história. Alguns deles são facilmente identificáveis, como os protagonistas e o potencial vilão (ou antagonista).
2. Incidente incitante
Logo no primeiro episódio acontece algo que desequilibra a vida do protagonista. A aparição do sujeito “longo” é algo que modifica o comportamento da personagem.
3. Desejo
Claramente há um desejo suprimido pela protagonista. Mesmo em um relacionamento sério, ela se vê subitamente atraída pelo terceiro indivíduo.
4. Conflito
Há um evento determinante, que é a visita do suposto “entregador de doces”. Ali a protagonista deixa de lado seus valores e (teoricamente) cede à tentação, um conflito interno.
5. Crise
O namorado descobre sobre a presença do motoqueiro e a suposta traição. Aquilo gera um momento de instabilidade.
6. Resolução
A crise se resolve a seguir, quando a protagonista revela ao futuro marido que não tem muito tempo de vida, justificando a atração por coisas longas. Aqui temos também outro elemento conhecido como “background”, que enriquece a história.
7. Clímax
Ao fim da história, temos um clímax que também podemos chamar de “turning point”, ou ponto de virada. Algo que dificilmente o espectadores teriam adivinhado.
Em cada um dos episódios há, também, outras demonstrações de utilização de elementos peculiares das histórias. Se procurar bem, poderá encontrá-los.
Agora, imagine o quão impactante foi para os japoneses aguardar a sequência de cada um dos vídeos na televisão. Aposto que você também ficaria curioso, não é mesmo?
Outra situação que me chamou a atenção foi a demonstração direta e contínua do produto, o que nada interfere na história.
Pelo contrário, a utilização do objeto é repetidamente utilizada como “arma de Chekov” (um recurso literário interessantíssimo) e, mesmo em excesso, não torna a história monótona ou previsível.
Mas não para por aí. Há também um bom trabalho de branding inserido, reafirmando que o doce pode ser consumido em bons momentos entre casais.
Tudo isso com pitadas de humor que são muito características ao público japonês. Posso dizer isso com propriedade, pois esse tipo de linguagem é muito comum em animes, formato que muito me agrada. Ou seja, adequação à persona.
E aí, gostou do comercial e do texto? Nesse caso, convido-o a deixar o seu comentário para batermos um papo sobre o assunto!
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